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Economia

Curativo caro ou ineficiente? Conheça o problema do Medicare com bandagens milionárias

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Imagine pagar mais de US$ 21.000 por um curativo? Parece loucura, mas é a realidade para alguns pacientes do Medicare nos Estados Unidos.

Bandas de pele chamadas 'substitutas' custaram mais de US$ 10 bilhões ao Medicare no ano passado. Algumas são fabricadas a partir de resíduos médicos, como fragmentos secos de placenta descartada ou epiderme do prepúcio fetal. Muitas dessas bandagens nunca foram submetidas a testes rigorosos para provar que oferecem qualquer vantagem sobre os curativos padrão.

Em casos extremos, o Medicare pagou por bandagens custando mais de US$ 21.000 por polegada quadrada. Pacientes chegam a acumular faturas de mais de US$ 1 milhão só em curativos, algo estranho para quem sequer tinha uma ferida.

Apesar disso, as companhias de seguros privadas geralmente não cobrem esses curativos, considerando muitos 'inexistentes e sem necessidade médica'. No entanto, o Medicare continua a cobrir essas bandagens desde 2020, quando uma mudança na regulamentação abriu caminho para o uso mais amplo.

A indústria explodiu: mais de 100 produtos novos foram lançados desde 2023. Segundo um relatório investigativo do New York Times, dois fatores principais explicam os altos preços:

  • Preço fixado inicialmente pelo fabricante: Nos seis primeiros meses, o Medicare reembolsa exatamente o preço que o fabricante estipula.
  • Descontos para médicos: Médicos recebem descontos significativos, o que incentiva o uso de curativos caros para maior recompensa.

No ano passado, os gastos dispararam 40 vezes, saltando de US$ 250 milhões em 2019 para mais de US$ 10 bilhões em 2024. Diante desse cenário, o governo Biden anunciou uma nova política no início de 2024, restringindo a cobertura a bandagens que passaram por testes de qualidade e mostraram eficácia.

Entretanto, a administração Trump adiou essa política em abril de 2024, justamente no mesmo mês em que o presidente defendeu os curativos em suas redes sociais. Atrasos em regulamentos e doações eleitorais parecem ter jogado um papel aqui.

Agora, a administração propõe um teto de US$ 809 por polegada quadrada a partir de janeiro de 2026. Enquanto isso, representantes da indústria ameaçam que os preços mais baixos farão as empresas fecharem e os médicos deixarem de tratar pacientes.

Enquanto isso, o administrador do CMS, Mehmet Oz, diz que o governo está combatendo 'abusos que inflacionam os custos'.

É impressionante como dinheiro público pode ser gasto sem rumo aparente. Curativos caríssimos, feitos de resíduos médicos e semprovão? Parece mais uma avenida para fraudes e desperdício. Que surpresa...
Fonte original: arstechnica.com

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