Montadoras chinesas conquistam espaço no Brasil com estratégias de importação<

Enquanto as vendas de veículos nacionais recuam, as montadoras chinesas avançam no mercado brasileiro com uma estratégia clara: aproveitar o regime atual de importação antes do aumento do Imposto de Importação. Com mais de 110 mil veículos em estoque e navios gigantes desembarcando no país, empresas como a BYD já representam 6% dos emplacamentos, com uma alta de 43% em junho.
Os chineses chegam com força, trazendo veículos em larga escala. Dados indicam que 20 navios da BYD já atracaram no Brasil entre 2023 e julho de 2025, incluindo entregas massivas como 5 mil unidades em Pernambuco e 5.524 em Aracruz (ES). Em maio, o navio BYD Shenzhen trouxe mais de 7 mil unidades ao porto de Itajaí (SC), marcando a maior movimentação já registrada.
Essa antecipação ocorre porque as alíquotas do Imposto de Importação para veículos elétricos e híbridos começaram a subir em julho de 2024 e chegarão a 35% em julho de 2026. Enquanto isso, as fabricantes locais enfrentam um cenário preocupante: 259,3 mil veículos em estoque para 38 dias de vendas e uma queda na média diária de emplacamentos.
A Anfavea alerta para os riscos da crescente importação, comparando o volume a uma fábrica de grande porte com mais de 6 mil empregos diretos. A entidade critica também o modelo SKD (semi knock-down), que não gera valor agregado local ou empregos significativos.
Do lado chinês, representantes defendem a estabilidade das políticas públicas e destacam que duas montadoras associadas já estão prestes a iniciar a produção local. Consultores apontam que a China investiu em educação técnica, logística e tecnologia para dominar a cadeia de baterias e eletrificação.
No Brasil, a falta de competitividade da indústria nacional é evidente. Custos elevados, burocracia e infraestrutura precária dificultam a concorrência. Enquanto isso, o país recebe produtos modernos, seguros e acessíveis, sem uma resposta estrutural adequada.