Plano municipal para combater a gentrificação em Cidade do México gera protestos violentos

Em resposta a protestos violentos que ocorreram recentemente, a prefeitura de Cidade do México anunciou um plano com 14 pontos para combater os problemas de habitação e gentrificação na capital. A prefeita Clara Brugada destacou que o objetivo é regular os aluguéis, equilibrar os direitos entre inquilinos e proprietários, e evitar a despeação de moradores.
Vários residentes afirmam que foram 'expulsos' de suas comunidades devido ao aumento do turismo, aluguéis curtos e a influxo de pessoas e empresas com maior poder de compra. A prefeita prometeu desenvolver uma metodologia rigorosa para regular os imóveis usados para aluguel temporada, com objetivo de preservar a identidade das comunidades.
Além disso, será criada uma agência para fiscalizar e punir quem descumprir as novas regras. Brugada ressaltou que morar na Cidade do México não deve ser um privilégio, mas um direito garantido a todos os residentes.
O plano foi anunciado dias após manifestações contra a gentrificação e o aumento dos custos de vida. Algumas pessoas atribuem o problema à chegada de estrangeiros dos Estados Unidos e da Europa. Enquanto a maioria das manifestações foram pacíficas, alguns protestadores vandalizaram lojas em bairros mais ricos e usaram discursos anti-imigração.
Grupos organizadores das manifestações defenderam que o foco é chamar atenção para os problemas de despeação e pressionar o governo por reformas. Eles negaram acusações de xenofobia, afirmando que o problema não está na imigração, mas sim na forma como o governo lida com a crise habitacional.
Aumento dos custos de habitação e queda dos salários reais são outros fatores citados pelo grupo. Desde 2005, os gastos com habitação subiram 286% enquanto os salários reais caíram 33%.
A prefeita chamou os manifestantes para um diálogo, prometendo abrir discussões sobre o tema. Expertos apontam que a gentrificação na Cidade do México é um problema histórico e não pode ser atribuído apenas à imigração, mas plataformas de aluguéis como o Airbnb e as políticas de trabalho remoto durante a pandemia do Covid-19 aceleraram o debate sobre o assunto.
O Airbnb defendeu sua atuação na cidade, destacando que gera mais de US$ 1 bilhão para a economia local anualmente.